Mercado futuro:
Mais uma semana de altas nas bolsas, principalmente em Londres, onde o robusta avançou 4,9%, fechando em 3.297 dólares/tonelada, depois de oscilar entre 3.122 (-0,7%) e 3.460 (+10,1%). Já em Nova Iorque, o arábica oscilou entre mínima de 182,70 (-0,3%) e máxima de 194,50 (+6,1%), fechando em 185,20 cents por libra-peso.
Houve muito estresse no mercado em razão de previsões do tempo, indicando altas temperaturas para a região cafeeira brasileira. Modelos de precipitação também indicam chuvas abaixo da média de maio até outubro de 2024 para o Brasil, bem como para o Vietnã, que sofre com altíssimas temperaturas nas últimas semanas.
O desconto do robusta frente ao arábica no mercado futuro furou a linha de 20% (19% no fechamento de sexta-feira), patamar que não foi visto sequer na quebra de produção de conilon brasileiro em nos anos 2016/2017, quando vimos, no mercado interno brasileiro, o conilon negociando diversas vezes a preços maiores que o arábica.
Mercado físico:
O conilon atingiu sua máxima histórica em dólares na semana passada, na faixa de 180 dólares por saca de 60kg. O maior registro anterior era de 177 dólares em abril de 2022, patamar similar ao observado ao final de 2016, ano de severa quebra de produção no país.
Interessante notar o expressivo aumento das exportações do conilon brasileiro, que já ultrapassaram a faixa de 5 milhões de sacas no acumulado dos últimos 12 meses. Um ano atrás (Jan/23) esse número era de apenas 1,5 milhão. Ou seja, o Brasil embarcou nos últimos 12 meses 3,5 milhões de sacas a mais do que no período anterior, o que representa em média 16% da produção total de conilon brasileiro. Isso nos dá a dimensão do apetite comprador mundial que se voltou ao Brasil ao longo de 2023 e demonstra a situação difícil para a indústria local manter a participação do café conilon em seus blends.
Preço da saca de conilon no mercado doméstico em dólares (2007 – 2024). Fonte: CEPEA
Exportações de conilon – acumulado de 12 meses. Fonte: CECAFÉ
Previsão do tempo:
Saíram notícias em relação à seca no Vietnã, que vem enfrentando também altas temperaturas, o que levará a reduções nas projeções de safra do país asiático. Modelos indicam chuvas abaixo da média por lá em abril e maio, com as precipitações voltando ao normal em junho, e chuvas acima da média de julho até novembro. Já as temperaturas devem se manter acima das médias históricas até outubro.
O fator climático deve continuar levando muito stress ao mercado. O El Niño vem se enfraquecendo rapidamente e temos previsão de início de La Niña já no trimestre Jun-Jul-Ago, o que aumenta ainda mais a incerteza a respeito das temperaturas e precipitações nos principais países produtores de café no mundo.
No Brasil, devemos ter poucas chuvas ao longo da próxima semana, com volumes na faixa de 20 mm para o norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Para Minas Gerais, as previsões indicam pouquíssimas chuvas, variando entre 5 mm a 20mm. Devemos ter também o avanço de uma onda de calor, com temperaturas em elevação ao longo da semana, com regiões produtoras podendo ter máximas na faixa de 35ºC, o que somado às poucas chuvas pode prejudicar os cafeeiros.
Previsão de chuvas acumuladas para os próximos 7 dias – Tropical Tidbits
Mercado financeiro:
Foi uma semana carregada de divulgações, com leituras positivas para a maior economia do mundo. Indicadores antecedentes (PMI) na terça-feira mostraram redução nas contratações de trabalhadores para as próximas semanas. Na quarta-feira a variação de empregos privados (ADP) veio abaixo do consenso de mercado, e, na sexta-feira, o payroll, dado mais importante sobre a economia dos EUA, indicaram (i) queda na inflação salarial (0,1% no mês); (ii) aumento no desemprego (de 3,7% para 3,9%); e (iii) revisão de dados anteriores para baixo. Apesar de números bastante positivos, foi um dia de queda para mercados acionários e para diversas commodities.
Números animadores também na China, com Exportações e Importações bastante acima do consenso de mercado, e inflação também acima do previsto. No caso da China, uma aceleração da inflação é vista como positiva, pois há um temor de que os chineses estariam pouco propensos a consumir, guardando boa parte de suas rendas, o que pode levar o país a uma espiral negativa de deflação (preços menores no futuro), o que levaria a segunda maior economia do mundo para uma abrupta queda no crescimento, que o governo local tem pelo menos 5% como meta para 2024.