O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Ipsos, revelou uma nova queda na percepção dos brasileiros em fevereiro deste ano, atingindo 48,9 pontos em uma escala de 0 a 100. Essa pontuação, abaixo da linha de neutralidade de 50, indica um predomínio do pessimismo entre os consumidores e representa a primeira vez que o índice fica nessa faixa desde o início do atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A retração de 2,2 pontos em relação a janeiro e expressivos 9,1 pontos na comparação com fevereiro de 2024 (a segunda maior queda anual entre os 29 países pesquisados, atrás apenas da Índia) demonstra uma tendência de declínio na confiança dos brasileiros. A última vez que o ICC havia ficado abaixo de 50 pontos foi em setembro de 2022, período que antecedeu as eleições presidenciais.

Segundo Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, essa queda é um reflexo direto da “inflação persistente e do aumento dos juros sobre itens essenciais, como a cesta básica”, além da instabilidade observada na bolsa de valores, que impacta a percepção econômica geral da população.

O Brasil, que chegou a figurar como o segundo país mais otimista no ranking da Ipsos em julho de 2023, com 60,1 pontos, encerrou fevereiro de 2025 na 15ª posição entre as 29 economias avaliadas. Essa queda de quatro colocações em relação a janeiro sinaliza uma mudança significativa no humor dos consumidores brasileiros.

No cenário internacional, enquanto a Índia manteve-se entre os países mais confiantes (3º lugar), o México e a Indonésia lideram o ranking. O México, inclusive, apresentou um aumento significativo na confiança, impulsionado por um mercado de trabalho forte e inflação controlada, beneficiando-se do fenômeno do nearshoring. Já a Argentina, apesar de uma leve queda mensal, apresentou a maior alta anual na confiança, indicando uma expectativa de melhora econômica apesar das recentes mudanças governamentais. Os Estados Unidos também registraram um leve aumento na confiança, impulsionado por um mercado de trabalho resiliente e sinais de desaceleração da inflação, embora a cautela persista diante de incertezas econômicas.

Fonte: Valor Econômico